2024 foi um ano a se sobreviver (2025)

Por Milena Martins Moura, editora

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Dec 30, 2024

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Todo ano eu venho aqui e escrevo do zero e sem revisar um texto mambembe de agradecimento. É claro, é preciso agradecer. Sem vocês do outro lado não faria sentido me sentar todos os meses, entre as demandas da vida, pra editar uma revista. Dá trabalho, toma tempo, tira o sono, vale a pena na medida em que sabemos que alguém vai abrir esses textos e ler. E por isso eu sou grata. Obrigada por acompanharem a nossa cassandra.

Mas esse ano eu não tenho muito o que dizer. 2024 está acabando e ainda bem. Esse ano tentou com afinco me quebrar inteira. Quase perdi meu pai, quase desisti do doutorado, meu telhado quebrou na temporada de chuvas do Rio. Nos últimos dois meses ainda fui acometida por uma dor na coluna irradiando pra perna direita, acabei descobrindo um princípio de lordose e diversas complicações ósseas e musculares. Eu faço tudo sentada, estudo, trabalho, escrevo sentada. Ossos do ofício nunca me pareceu uma expressão tão literal. Existir em 2024 foi difícil e por isso é também difícil escrever um texto bonitinho de fim de ano.

2024 foi um ano a se sobreviver.

Aos trancos, barrancos, solavancos e derrocadas, eu bem que estou sobrevivendo. O selo Héstia não sobreviveu, mas estou viva. O espaço de resenhas agoniza, mas estou viva. Quase não publicamos divulgações, mas estou viva. E enquanto eu estiver viva a cassandra também estará.

Por isso, nesse mês de dezembro, eu tenho a alegria de anunciar que voltaremos a publicar autoras convidadas. Aquela galera forte que a gente admira e quer muito ver por aqui. Começamos pela querida Ana Luiza Rigueto e vêm muitas mulheres maravilhosas por aqui. A revista não ficará mais parada durante os meses de recesso pra curadoria de conteúdo e escolha das autoras selecionadas, pois nossas colunistas e convidadas aparecerão por aqui.

Por isso também voltaremos a divulgar com mais força todo tipo de iniciativa sobre o trabalho de mulheres. Se quiser nos mandar seu material de divulgação, é só escrever para revistacassandra@gmail.com, com release, fotos, créditos das fotos, links de compra, sua foto e sua bio. No caso de livros, não se esqueça do mock-up da capa. MAS ATENÇÃO! Caso deseje divulgar um evento, tenha em mente que nossas edições saem sempre na última segunda do mês. Se o evento for no meio do mês, é preciso que o material seja enviado com um mês de antecedência.

Ano que vem, nossa parceria com a Macabéa Edições virá com tudo. A Macabéa e a cassandra são parceiras na vida: eu, Priscila Branco e Bianca Monteiro Garcia, que editamos na Maca, como chamamos carinhosamente, fazemos parte da cassandra de alguma forma: a Pri é nossa colunista, sou editora e a Bia criou nossa identidade visual. Não tem como desatrelar Macabéa e cassandra e isso vai aparecer bastante por aqui. Vocês vão ficar sabendo todas as novidades, novas autoras, lançamentos, tudo sobre essa editora que, assim como a cassandra, também se dedica exclusivamente à literatura e às artes produzidas por mulheres.

A gente teve um boom de revistas independentes, sobretudo durante a pandemia, mas infelizmente isso vem rareando, diminuindo, enfraquecendo. Vi muitas revistas que eu acompanhava e amava irem ficando esparsas até por fim acabarem ou pararem indefinidamente. Isso acontece talvez porque não estamos mais todos em casa full-time, muitas instituições aboliram o home office, o transporte até o trabalho/estudo toma um tempo precioso das nossas vidas, em que podíamos estar, por exemplo, editando uma revista. Não sobra muita energia depois de um dia em ônibus lotados, não sobra muita vontade no corpo cansaço dos dias corridos, dos nossos tempos cada vez mais e mais corridos. Não estamos aguentando o ritmo da vida nem pra vivê-la pura e simplesmente, que dirá tocar projetos megalomaníacos.

É uma pena, é uma grande sacanagem da existência que existir esteja sendo assim tão limitado, cerceado, toldado, tolhido. É uma grande zoeira da vida que viver venha sendo só isso mesmo. E os nossos sonhos mofando nas gavetas. Mas a cassandra não vai mofar.

Estamos indo para o nosso quinto ano na cassandra. É hercúleo manter isso aqui. Como muitos editores, de muitas revistas, eu flerto com frequência com a ideia de parar. Life snakes, a vida cobra, eu repeti incessantemente no texto do ano passado, e continua sendo verdade. A vida tá cobrando pra cacetas. E às vezes é tarde, e às vezes é mais sábio mesmo desistir. Mas não dessa vez, não agora, não hoje. Não em 2025. Não da cassandra.

Eu insisto. Estou viva, a cassandra está viva. Ainda estamos aqui. E continuaremos aqui.

Que 2025 seja melhor, que ele seja mais bondoso comigo. Com todos nós. Eu não sei como foi seu 2024, mas te abraço. Se foi bom, meu abraço de comemoração. Se foi ruim, meu abraço de sentimentos. Ambos com a mesma intensidade e gratidão. Vocês são imensamente importantes pra nós. Fiquem bem e um ótimo novo ano.

Espero que este texto não esteja horrível, peço perdão pelos typos, não vou reler. O propósito desse desabafo de fim de ano é ser só isso mesmo, um desabafo de fim de ano, escrito de uma tacada com todo o meu coração.

O mesmo com que eu desejo dias melhores. A nós. Ao mundo. Dias melhores em 2025.

Um beijo e nos vemos em janeiro,

Milena.

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